Militares avaliam que plano golpista de Bolsonaro manchou imagem do Exército
Cúpula das Forças Armadas reage com surpresa e decepção a suposto complô para assassinar Lula, Alckmin e Moraes
Dora Tupinambá (*)
A revelação de um suposto plano golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e membros das Forças Armadas, que incluía o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, causou surpresa e decepção na cúpula militar brasileira. Militares de alta patente expressaram preocupação com o impacto dessas denúncias na credibilidade e na imagem do Exército perante a sociedade.
De acordo com investigações da Polícia Federal, o plano teria sido articulado por oficiais das Forças Especiais do Exército e um agente da Polícia Federal, com o objetivo de impedir a posse do governo eleito em 2022. Entre os detidos está o general de brigada Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro.
A cúpula militar, ao tomar conhecimento das investigações, manifestou surpresa e tristeza diante das acusações. Generais ouvidos pela imprensa destacaram que tais ações, se comprovadas, representam uma grave violação dos princípios democráticos e dos valores institucionais das Forças Armadas. Além disso, enfatizaram que a instituição não compactua com qualquer tentativa de subverter a ordem democrática.
O ministro da Defesa, em nota oficial, reafirmou o compromisso das Forças Armadas com a Constituição e a democracia, ressaltando que eventuais desvios de conduta serão apurados com rigor e os responsáveis, punidos conforme a lei. A nota também destacou a importância de preservar a confiança da população nas instituições militares.
Especialistas em segurança e defesa avaliam que o envolvimento de militares em planos golpistas pode comprometer a imagem do Exército e afetar a relação de confiança com a sociedade. Para eles, é fundamental que as investigações sejam conduzidas com transparência e que as Forças Armadas reforcem seu compromisso com os valores democráticos.
A sociedade civil também reagiu às denúncias com preocupação. Organizações de direitos humanos e entidades representativas têm cobrado esclarecimentos e a responsabilização dos envolvidos, enfatizando a necessidade de manter a integridade das instituições democráticas no país.
As investigações seguem em andamento, e a expectativa é que novos desdobramentos ocorram nos próximos dias, com possíveis implicações para o cenário político e institucional brasileiro.
(*) jornalista, editora do Valor Amazônico